terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Sul já não é vermelho


Uma derrota clara, óbvia, com o Alentejo a deixar de ser definitivamente uma terra vermelha. A cara de Jerónimo de Sousa e a sua justificação para a perda de seis câmaras alentejanas, incluindo Beja, é por si só uma expressiva declaração de derrota. E o facto de ter sido o primeiro líder partidário a falar às televisões foi igualmente a demonstração cabal de que o secretário-geral do PCP queria acabar o mais cedo possível uma noite muito negra na história do PCP.


É que os comunistas igualaram nestas Autárquicas o seu pior resultado de sempre. E a derrota não foi mais pesada porque, apesar de tudo, conseguiram recuperar três autarquias há muito longe da esfera comunista, como Alvito, Crato e Alpiarça. Os resultados desta amarga noite revelam também que a esquerda radical está claramente em perda no poder local. Não só o PCP como o Bloco de Esquerda, que depois das Legislativas aspirava entrar no terreno autárquico para poder afirmar-se como uma força nacional. É, talvez, a única consolação de Jerónimo de Sousa. O PCP perdeu poder autárquico mas o Bloco não o ganhou. Quem beneficiou, e muito, com a queda dos comunistas foi o Partido Socialista, que conseguiu, pela primeira vez, atirar o PCP borda fora de todas as capitais de distrito alentejanas. Há anos tinha sido Évora, agora foi a vez de Beja. E pronto. Neste ano de todas as eleições é com alívio que o PCP vê acabar este ciclo infernal. Mas as feridas são profundas. É que o mito do poder local comunista está em agonia desde este dia negro de Outubro.

António Ribeiro Ferreira, Jornalista
in correio da manhã

2 comentários:

  1. "No céu cinzento, sob o astro mudo, batendo as asas na noite calada, vêem em bandos com pés de veludo, chupar o sangue fresco da manada".

    O mito do poder local Comunista, nunca foi um mito, mas antes uma realidade palpável, sem sacos de nenhuma cor, sem venda de terrenos, sem construções ilegais, sem negociatas com os lobis do alcatrão e do cimento armado, e com total resistência à privatização da água, dos cemitérios e de tantos outros bens públicos.
    Claro que isso não interessa ao sistema capitalista, sempre na mira do lucro. Por isso vão continuar o cerco ás autarquias da cdu, como aconteceu em Mora com a fuga vergonhosa ao prometido no caso do Fluviário, no desvio do IC13, na não aprovação de verbas para alargar as pontes até Pavia, e tantas e tantas outras coisas, sempre numa demonstração ameaçadora de que quem não alinha com os partidos do poder, não conta com o apoio desse mesmo poder.
    Claro que perante este tipo de pressão, o povo começa a pensar se não será melhor juntar-se a eles, já que não os pode vencer.
    Enquanto isso, jornaleiros e jornalecos vão fazendo escola e convencendo os pobres de espírito de que tudo acontece espontaneamente, como uma evolução natural, quando na realidade o povo está a ser obrigado a escolher entre a espada e a parede.
    Mas até o Povo mais submisso se revolta...

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  2. É usual, em discussões futebolísticas, haver posições renhidas entre as várias cores clubísticas. Mesmo que os lampiões estejam claramente a jogar melhor, eu, lagarto sofredor, jurarei que o "meu" clube é o melhor, com os melhores craques, com o melhor estádio e, mesmo que os dirigentes do "meu" clube vão presos por corrupção, baterei o pé e direi que são os mais sérios. De clube nunca se muda (ou quase nunca), faz parte da paixão pelo futebol e daí não vem mal ao mundo desde que se saiba respeitar o adversário. Infelizmente há quem proceda da mesma forma em relação à politica. Mesmo que estejam a ser prejudicados, mesmo que reconheçam que o adversário lhe dá melhores condições de vida muitas pessoas preferem manter-se fieis ao nome de um determinado partido e não admitir que outras pessoas pensem de maneira diferente. Isto passa-se por todo o país e por todo o mundo. O povo de Mora no entanto, na sua maioria, tem mostrado uma consciência politica madura e uma saudável atitude democrática, não hesitando em mudar o seu voto de acordo com aquilo que são os seus interesses: veja-se o resultado das duas ultimas eleições. Pena é, que algumas pessoas não consigam enxergar para além de uma visão clubística e ofendam a torto e a direito todos os que não pensam como eles. Seria bem melhor dedicarem-se apenas ao futebol mas, mesmo assim, tentarem mostrar respeito pelo adversário.

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